O que é o IPv6?
Com a multiplicação dos dispositivos ligados e a evolução constante das utilizações na Web, as infraestruturas de rede devem adaptar-se. É neste contexto que intervém o IPv6, a nova versão do protocolo Internet, concebida para substituir progressivamente o IPv4. Concebido para responder aos desafios técnicos atuais e futuros, este protocolo abre o caminho para uma nova era de conectividade.
O que é um endereço IP?
Cada dispositivo ligado à Internet (por exemplo, computador pessoal, smartphone, servidor) utiliza um endereço IP para se identificar e comunicar com outros. Este endereço funciona um pouco como um número de telefone, mas para as redes: permite saber para onde enviar os dados e de onde estes provêm.
Os endereços IP são atribuídos a cada ligação de rede e seguem regras precisas definidas por aquilo a que chamamos o protocolo IP. Este protocolo organiza as trocas de informação entre todos os dispositivos ligados.
Durante muito tempo, foi a versão 4 deste protocolo, chamada IPv4, que foi utilizada. No entanto, esta última acabou por mostrar os seus limites, nomeadamente face ao crescimento maciço das utilizações digitais.
Porque é que os IPv6 surgiram?
A saturação dos endereços IPv4
Implementado na década de 1980, o IPv4 baseia-se num sistema de endereçamento codificado em 32 bits, limitando o número total de endereços únicos a cerca de 4,3 mil milhões. Se este número parecia suficiente na época, rapidamente se tornou insuficiente face ao crescimento maciço dos aparelhos ligados: smartphones, computadores, objetos ligados, equipamentos industriais, etc.
Para ultrapassar esta limitação, foram implementadas soluções como o NAT (Network Address Translation), que permite a vários hosts (ou dispositivos) utilizar um único endereço público. Embora esta abordagem tenha permitido temporariamente otimizar o espaço de endereçamento, introduziu igualmente restrições em matéria de desempenho, de encaminhamento e de comunicação direta entre os sistemas.
Os desafios para as redes modernas
Hoje em dia, as redes devem gerir um volume sem precedentes de dados, assegurar uma ligação fluida entre milhares de milhões de aparelhos e garantir a segurança das trocas de dados. Estes requisitos ultrapassam as capacidades técnicas do protocolo IPv4.
Foi assim que o protocolo IPv6 foi concebido para responder a estas novas necessidades. Normalizado através de vários documentos RFC (Request for Comments, publicações técnicas oficiais do IETF), baseia-se numa arquitetura mais flexível, num formato de endereçamento alargado e em mecanismos integrados adaptados aos desafios da Web moderna. Ele permite uma comunicação mais eficiente, roteamento simplificado e melhor suporte para os serviços de Internet atuais e futuros.
O formato IPv6
Um endereço mais longo e estruturado
A principal alteração introduzida pelo IPv6 diz respeito à dimensão dos endereços. Enquanto que o IPv4 utiliza endereços codificados em 32 bits, o IPv6 baseia-se num formato com 128 bits, o que permite gerar um número de endereços quase ilimitado: cerca de 340 sextillions.
Para facilitar a leitura, um endereço IPv6 é escrito em oito grupos de quatro caracteres hexadecimais, separados por dois pontos. Por exemplo:
2001:0db8:85a3:0000:0000:8a2e:0370:7334
Esta organização permite integrar diferentes informações úteis ao funcionamento da rede:
- Um prefixo de roteamento, que indica a origem ou o destino do endereço;
- um identificador de interface, frequentemente calculado automaticamente a partir do endereço MAC do aparelho;
- e dos campos técnicos utilizados localmente para assegurar a conectividade.
Graças a esta estrutura, o IPv6 facilita o roteamento dos dados, a configuração automática dos endereços e a gestão precisa dos equipamentos ligados a uma mesma rede.
Os diferentes tipos de endereçamento
O IPv6 propõe diferentes tipos de endereços, cada um adaptado a uma utilização específica, a fim de tornar as comunicações mais eficazes:
- Unicast: a informação é enviada para um único dispositivo identificado na rede.
- Multicast: os dados são transmitidos a vários dispositivos de cada vez, agrupados num grupo de receção.
- Anycast: a mensagem é enviada para um conjunto de dispositivos que partilham o mesmo endereço, mas apenas o mais próximo (num sentido de rede) a recebe.
Estes modos de transmissão permitem reduzir a quantidade de dados trocados, aliviar a carga nas redes e otimizar a qualidade do serviço, nomeadamente em sistemas complexos ou distribuídos, como os serviços em linha.
Quais são as vantagens do IPv6?
O IPv6 não é apenas uma evolução técnica, é uma resposta aos limites fundamentais do protocolo IPv4. Graças ao seu novo formato de endereçamento, aos seus mecanismos de roteamento modernizados e à sua arquitetura pensada para as redes atuais, ele traz melhorias importantes à forma como os dados circulam na web.
Aqui está um resumo das principais diferenças:
| Critério | IPv4 | IPv6 |
| Tamanho do endereço | 32 bits | 128 bits |
| Número de endereços | 4,3 mil milhões* | ~340 sextillions |
| NAT | Necessário | Não é necessário |
| Configuração | Manual ou DHCP | Autoconfiguração (SLAAC) |
| Segurança | Opcional | Integrado (IPsec) |
| Roteamento | Complexo | Otimizado |
| Tipos de endereçamento | Unicast, Broadcast | Unicast, Multicast, Anycast |
Um espaço de endereços quase infinito
Graças aos seus 128 bits, o IPv6 permite a atribuição de endereços únicos a cada aparelho, sem conflitos e sem necessidade de tradução de endereços (NAT). Isso garante uma identificação direta dos equipamentos e simplifica a gestão das redes em grande escala, oferecendo um espaço de endereçamento suficientemente vasto para responder às utilizações futuras.
Uma configuração simplificada
O IPv6 permite a autoconfiguração das interfaces através de mecanismos como o SLAAC (Stateless Address Autoconfiguration), que permite a um aparelho atribuir automaticamente um endereço sem recorrer a um servidor externo. Desta forma, os hosts podem gerar o seu próprio endereço a partir do prefixo da rede e do seu identificador local, frequentemente baseado no endereço MAC.
Segurança integrada
Ao contrário do IPv4, onde a segurança se baseia em soluções adicionais, o IPv6 integra de forma nativa o protocolo IPsec. Este sistema permite encriptar as comunicações, garantir a sua integridade e autenticar as trocas de informações. Resultado: uma melhor confidencialidade dos dados, a partir da camada de rede.
Um roteamento mais eficaz
A arquitetura do IPv6 reduz o tamanho das tabelas de roteamento e facilita a criação de sub-redes mais estruturadas. Graças aos mecanismos anycast e multicast, os pacotes (ou blocos de dados transmitidos na rede) são encaminhados de forma mais eficaz, o que melhora as performances globais ao mesmo tempo que reduz a carga nas redes.
O IPv6 na prática: o que é preciso saber
Além dos aspetos técnicos e dos benefícios de rede, há alguns pontos práticos que merecem ser clarificados para melhor compreender como o IPv6 se integra no seu ambiente digital no quotidiano.
O IPv6 está ativado por predefinição na maioria dos sistemas
A maioria dos sistemas operativos recentes (Windows, macOS, Linux, Android, iOS) suportam IPv6 sem configuração particular. Geralmente, é possível consultar os parâmetros de rede do seu dispositivo para verificar a presença de um endereço IPv6 ou executar comandos como ipconfig, ifconfig ou ip a.
IPv6 tem prioridade quando disponível
Nos ambientes em que coexistem IPv4 e IPv6 (modo dual stack), os sistemas modernos privilegiam por predefinição a versão IPv6. Esta abordagem permite uma comunicação mais fluida, limita as dependências ao NAT e melhora a resolução DNS através dos registos AAAA.
Um impacto positivo na navegação na Web
Graças ao roteamento mais direto e à eliminação do NAT, o IPv6 permite reduzir a latência. Isto beneficia nomeadamente os jogos online, os serviços de streaming ou as plataformas cloud. Certas infraestruturas, como as CDN, otimizam mesmo o seu desempenho através de IPv6.
O IPv6 é compatível com as recentes box Internet
Muitos fornecedores de acesso à Internet (ISP) propõem hoje em dia um suporte IPv6, ativável através da interface de administração da sua box. Uma vez em serviço, o endereço é automaticamente atribuído aos aparelhos da rede através de SLAAC ou DHCPv6, consoante a configuração escolhida.
Como ativar um IPv6 na OVHcloud?
Nos acessos à Internet da OVHcloud, um endereço IPv6 é geralmente ativado por predefinição, sem que seja necessária qualquer intervenção. No entanto, é útil verificar a sua ativação ou saber como alterá-la em caso de necessidade, nomeadamente se utiliza um equipamento específico ou deseja desativar manualmente a opção.
Veja como consultar e ajustar este parâmetro a partir da Área de Cliente:
- Ligue-se à sua Área de Cliente OVHcloud e clique em Telecom.
- Aceda à secção Ofertas Internet e selecione a oferta em causa.
- Clique no separador O meu acesso e aceda à secção IP.
- Certifique-se de que a opção IPv6 selecionada está selecionada.
Se a linha IPv6 estiver selecionada, o seu endereço já está ativado. Caso contrário, basta selecionar a opção para a ativar.
Atenção: se utilizar um modem OVHcloud, a ativação ou desativação do IPv6 levará a uma reinicialização do modem. Certifique-se de que tem de guardar primeiro a sua configuração se administrar o aparelho à distância.
Para ir mais longe na personalização da sua configuração de rede, a OVHcloud permite igualmente a adição de um IP adicional, útil para separar serviços ou implementar várias instâncias no mesmo servidor.
Os serviços da OVHcloud compatíveis com IPv6
Alojamento web
Publique os seus sites com uma ligação nativa em IPv6, sem configuração complexa. O alojamento web da OVHcloud permite-lhe beneficiar de um endereçamento moderno, adaptado às necessidades atuais em termos de desempenho, roteamento e segurança.
Domínio
Registe um domínio e faça a gestão das respetivas definições DNS diretamente a partir da Área de Cliente. Poderá adicionar um endereço IPv6 através de um registo AAAA, para que o seu site possa ser acedido através do protocolo IPv6.
VPS OVHcloud
Implemente um servidor privado virtual com suporte IPv6 integrado. Usufrua de um endereçamento flexível, da possibilidade de adicionar IPs suplementares e de um ambiente otimizado para alojar aplicações modernas.