O que é a blockchain?
A Blockchain é um sistema de registo digital projetado para manter os dados seguros, sem a necessidade de uma autoridade central ou terceiros. As redes de blockchain são constituídas por vários participantes distribuídos, chamados de « nós », que trabalham em conjunto para validar as transações. Os dados de cada transação são armazenados em blocos e interligados numa cadeia, em que cada bloco contém um hash criptográfico do bloco anterior. Isto garante que os dados são invioláveis e imutáveis, ao mesmo tempo que oferece uma visão transparente de toda a transação. Estas vantagens tornam a blockchain ideal para as empresas que procuram resolver desafios em matéria de segurança dos dados, privacidade, confiança e rastreabilidade.

Porque é que a blockchain é importante?
A tecnologia de blockchain é revolucionária e oferece benefícios sem precedentes às empresas, aos governos e à sociedade em geral. Mantém os dados seguros num espaço de confiança e oferece uma visão completa do percurso da transação. Desta forma, garante a integridade dos dados e um nível de transparência que não é possível obter através das bases de dados tradicionais e dos sistemas centralizados. Muitas empresas e organizações do sector público podem beneficiar desta abordagem, incluindo as que operam na área financeira, da saúde e da logística.
Enquanto tecnologia disruptiva, a blockchain também gerou controvérsia, especialmente em termos de impacto ambiental e do conceito de descentralização. No entanto, os prós superam em muito os contras, e muitas organizações já estão a perceber os benefícios da blockchain para proteger as suas transações financeiras, as cadeias de abastecimento e os dados dos clientes.
Qual é a história da blockchain?
O conceito de blockchain surgiu no início dos anos 80 quando David Chaum, um pioneiro da criptografia, estabeleceu as bases para tal tecnologia no seu artigo de pesquisa: Computer Systems Established, Maintained and Trusted by Mutually Suspicious Groups.
Em 1991, estes processos foram desenvolvidos por W. Scott Stornetta e Stuart Haber, dois cientistas que queriam criar um método seguro e inviolável para carimbar documentos digitais. A solução passou por desenvolver uma cadeia de blocos digitais protegidos por criptografia. Para tornar esta ideia uma realidade, Stornetta e Haber trabalharam em parceria com o matemático Dave Bayer e co-escreveram um artigo sobre a ideia deles incorporar o conceito de Merkel Trees - uma estrutura de nós, cada um protegido com um hash criptográfico.
Embora o sistema Merkel Tree nunca tenha sido usado e a patente tenha expirado, esta primeira iteração de blockchain inspirou muitos outros. Em 2004, Hal Finney, um cientista da computação e ativista da criptografia, introduziu a ideia da Prova de Trabalho Reutilizável (RPoW), em que um participante deve provar a outros que uma quantidade específica de potência de cálculo foi utilizada. Este conceito transformou o mundo da blockchain e tornou-se um dos princípios fundadores: cada rede de blockchain requer um « mecanismo de consenso » que permita aos participantes chegar a um acordo sobre a validade das transações
No entanto, a grande virada aconteceu em 2008, quando um indivíduo misterioso (ou conjunto de indivíduos) conhecido como Satoshi Nakamoto propôs o conceito de uma moeda digital no seu livro branco: Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System. Neste documento, o(s) autor(es) estabeleceu/ceram as bases para uma moeda digital - a Bitcoin - construída sobre uma rede de nós distribuída e descentralizada. Assim que este livro branco foi publicado, a blockchain e a Bitcoin atraíram muita atenção e tornaram-se um fenómeno internacional. Muitas pessoas começaram a participar no projeto e a minerar Bitcoin, e outras soluções de blockchain foram desenvolvidas, como a Ethereum e a Coinbase. A tecnologia de blockchain é agora uma solução reconhecida a nível mundial em matéria desegurança dos dados e realização de transações, estando a ser rapidamente adotada por indivíduos, empresas e instituições governamentais.
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Quais são os princípios fundamentais da blockchain?
A Blockchain baseia-se nos seguintes princípios:
Descentralização
A descentralização ocorre quando a tomada de decisões é partilhada entre vários indivíduos ou grupos, em vez de uma autoridade central. É essencial para a mecânica da blockchain, uma vez que, para que uma transação seja adicionada à cadeia, é necessário que os vários participantes cheguem a um consenso e validem os dados. Isto preserva a integridade da blockchain e impede que um indivíduo ou grupo possa manipular os dados para seus próprios interesses.
A descentralização é uma das principais características que define a blockchain e que a torna revolucionária, uma vez que representa um desafio à autoridade das instituições centralizadas, como os bancos, as big tech e os governos. Tem potencial para eliminar a corrupção, melhorando ao mesmo tempo a confiança e a transparência - benefícios enormes para as empresas e para a sociedade em geral.
Distribuição
A Blockchain é baseada em redes distribuídas. Em vez de ter uma rede centralizada num único servidor que toma decisões e trata transações, a Blockchain utiliza um registo de nós distribuídos em vários servidores para partilhar, registar e validar cada transação. Também é conhecido como sistema peer-to-peer, pois cada nó tem a mesma autoridade e colabora entre os servidores. Uma rede distribuída não só suporta a descentralização, como também aumenta a eficiência, o desempenho e a tolerância a falhas, fatores essenciais para manter em funcionamento redes de blockchain complexas, que consomem muita energia.
Imutabilidade
Outro princípio da blockchain que garante a transparência e a segurança é a imutabilidade. A blockchain é imutável por conceção - após os nós terem validado uma transação, é gravada apenas uma vez e encriptada com um hash criptográfico. Cada bloco contém o seu próprio código hash e o do bloco anterior, para garantir que a cadeia flui numa só direção e não pode ser alvo de engenharia inversa. Esta abordagem cria um histórico permanente de transações totalmente seguro e inviolável, impedindo que um indivíduo ou grupo manipule os dados na blockchain.
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Quais são as vantagens da blockchain?
Eis aqui algumas das principais vantagens da tecnologia de blockchain:
Transparência Acrescida
A Blockchain mantém um registo histórico de todas as transações na cadeia, garantindo total transparência para os participantes da rede. Além disso, o facto de a responsabilidade pela validação das transações ser partilhada impede que uma entidade manipule os dados para se adequarem à sua própria agenda.
Segurança Reforçada
Para proteger a blockchain da pirataria informática, os dados são encriptados por criptografia complexa, e cada transação é validada por um mecanismo de consenso. Por ser descentralizada, a blockchain também não tem um ponto único de controlo ou de falha: os dados são repartidos por vários nós para minimizar a área de superfície de um eventual ataque e aumentar a resiliência da rede.
Maior Eficiência
Devido aos seus registos precisos e à sua elevada rastreabilidade, a blockchain reduz a necessidade de burocracia, levando a processos mais eficientes e a uma poupança de tempo na correção de erros. Além disso, elimina a necessidade de terceiros validarem as transações, aumentando assim a velocidade de transação.
Quais são os aspetos negativos da blockchain?
Embora a blockchain tenha muito mais aspetos positivos do que negativos, existem problemas em torno da descentralização e do impacto ambiental da tecnologia de blockchain.
A descentralização tem o potencial de melhorar a sociedade, aumentando a transparência e eliminando a corrupção. No entanto, também pode ser usada por hackers para se esconderem atrás do anonimato. Participantes mal-intencionados podem utilizar a blockchain e as criptomoedas para transferir dinheiro sem recorrer a um banco, realizar transações na dark web e criptografar arquivos maliciosos usando o poder do hash criptográfico.
Outro potencial perigo da blockchain é o impacto ambiental. Como o mecanismo de consenso PoW requer grandes quantidades de potência de cálculo, isto tem um impacto negativo no ambiente, consumindo grandes quantidades de energia. De facto, algumas explorações mineiras com blockchain consomem a mesma quantidade de eletricidade que um pequeno país. Juntamente com a complexidade da blockchain, esta é uma das principais barreiras à adoção desta tecnologia pelas empresas. No entanto, os mecanismos de consenso alternativos, como os PoS, têm o poder de resolver este desafio.
Por fim, a blockchain também enfrente uma ameaça existencial por parte da computação quântica, que poderia ser usada para resolver a criptografia tão essencial à mecânica da blockchain.

O que são os casos de uso da blockchain?
Veja alguns casos de uso comum da blockchain:
Cadeia de Abastecimento
A blockchain oferece uma visibilidade e uma rastreabilidade completas de toda a cadeia de abastecimento. As empresas podem seguir os produtos à medida que estes passam pela cadeia de abastecimento, enquanto mantêm uma segurança robusta.
Governos
A blockchain pode apoiar operações governamentais e serviços digitais voltados para o público, eliminando fraudes e abusos, ao mesmo tempo que simplifica processos, elimina a corrupção e melhora a confiança.
Finanças
A blockchain elimina a burocracia no sector financeiro, oferecendo um processamento mais rápido e uma visibilidade completa de todo o ciclo de vida financeiro. Além disso, oferece enormes benefícios em termos de segurança, reduzindo a fraude e aumentando a transparência.
Saúde
A tecnologia Blockchain oferece uma maior privacidade aos registos dos pacientes e suporta uma transferência de dados mais segura entre os trabalhadores da área da saúde, ao mesmo tempo que apoia as cadeias de abastecimento médicas.
Quais são os componentes principais da blockchain?
A blockchain consiste nos seguintes componentes:
Nós
Os nós são participantes na rede de blockchain que estão autorizados a validar cada transação. Para isso, é utilizado um computador potente e um mecanismo de consenso, como a Prova de Trabalho (PoW) e a Prova de Participação (PoS).
Transações
Uma transação é uma transferência de dados numa blockchain. Dependendo da finalidade da blockchain, estes dados podem ser criptomoedas, contratos inteligentes, votos eletrónicos ou registos de clientes. As transações são armazenadas em blocos e, para fazer parte da blockchain, têm de ser verificadas por cada nó na rede.
Blocos
O bloco é o local onde os dados da transação são armazenados. Uma vez os dados verificados, o bloco é adicionado e torna-se imutável. Cada bloco está vinculado numa cadeia e contém um hash criptográfico exclusivo - um algoritmo que transforma todos os dados do bloco numa sequência de símbolos para os manter seguros. Para assegurar que um registo histórico de todas as transações na cadeia é mantido, cada bloco também contém o hash do bloco anterior.
Mecanismo de Consenso
Um mecanismo de consenso é a forma como os nós da blockchain concordam com a validade de novas transações. Os dois mecanismos de consenso mais comuns são a Prova de Trabalho (PoW) e a Prova de Participação (PoS). Graças ao mecanismo PoW, os participantes são recompensados por utilizarem grandes quantidades de energia e de potência de processamento para resolver quebra-cabeças de criptografia complexos. A resolução do quebra-cabeças valida a transação e adiciona um novo bloco à blockchain. Em comparação, o mecanismo de consenso PoS não requer muita energia. Em vez disso, os participantes precisam de ter a sua própria criptomoeda, que podem utilizar como garantia para adicionar um bloco à cadeia. No entanto, esta garantia pode ser perdida, se os outros participantes considerarem a transação inválida.
Hashing criptográfico
Um hash criptográfico é um algoritmo (também conhecido como uma função hash) que converte os dados contidos dentro de um bloco num código numérico fixo. O hash é essencial para a segurança global da blockchain - permite que os dados no bloco sejam verificados sem ser necessário revelar em que consistem – uma forma de encriptação de dados. Para proteger a blockchain, cada bloco da cadeia contém o seu próprio hash e o do bloco anterior. O hash também é uma parte crucial da mineração de criptomoedas - é o que o computador do mineiro está a tentar resolver para adicionar um bloco à cadeia e ganhar uma recompensa.
Tipos de blockchain
Veja os diferentes tipos de rede de blockchain:
Blockchain Pública
Uma blockchain pública é uma rede aberta e sem permissão na qual qualquer pessoa pode participar. Os nós de uma blockchain pública podem enviar e ver transações na rede, bem como participar no processo de consenso para decidir se os dados são adicionados à cadeia. Dois exemplos de redes de blockchain pública são a Bitcoin e a Ethereum. Uma vez que são descentralizadas e transparentes, as blockchains públicas englobam os princípios fundadores da blockchain. No entanto, estas redes requerem normalmente uma grande capacidade de processamento e, tendo em conta que todos na rede podem ver as transações, podem surgir questões de privacidade.
Blockchain Privada
Uma blockchain privada é uma rede fechada, acessível mediante autorização e controlada por uma única autoridade. Apenas indivíduos selecionados podem participar na rede e o(s) proprietário(s) tem/têm autoridade para editar a blockchain conforme desejar. As blockchains privadas são mais seguras, uma vez que os nós são examinados antes de aderirem à rede e ninguém de fora pode ver as transações. Assim, as redes privadas são adequadas à utilização empresarial, onde é fundamental que exista regulamentação e conformidade de dados. Um bom exemplo de uma blockchain privada é a Ripple - uma conhecida corretora de criptomoedas que possibilita a troca entre empresas.
Consórcio Blockchain
Um consórcio de blockchain é uma rede autorizada, tal como uma blockchain privada, mas controlado por um grupo de organizações, em vez de apenas uma. Numa cadeia de consórcio, cada organização participa com o seu próprio nó e só pode aderir ou sair com a autorização dos outros intervenientes. Os dados na cadeia podem ser consultados por todos os participantes no consórcio, mas cada interveniente controla o seu próprio nó. Embora as blockchains de consórcios sejam mais descentralizadas do que as blockchains privadas, requerem um elevado nível de confiança entre cada organização e um grande trabalho logístico. Estas redes são, portanto, as mais adequadas para os grupos que partilham um objetivo comum e as mesmas tecnologias de blockchain.
Blockchain Híbrida
Uma blockchain híbrida combina as capacidades das redes de blockchain públicas e privadas. Mantém a natureza aberta de uma blockchain pública, permitindo a participação de todos, mas armazena os dados numa blockchain privada, à qual só é possível aceder com permissão. Embora os dados da transação sejam imutáveis e não possam ser alterados, a identidade dos participantes pode ser mantida privada. Esta mistura de duas redes de blockchain oferece transparência e segurança, tornando-a ideal para a utilização empresarial.